Festa amarga

Editado por Irene Fait
2022-05-11 18:36:46

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“Madres buscando a sus hijas e hijos, verdad y justicia” | Foto: Facebook Nuestros Desaparecidos Cohahuila

Por Guillermo Alvarado

No México se comemorou o Dia das Mães em 10 de maio, como em vários países da América Latina. A data teve um sabor amargo para dezenas de milhares de mulheres mexicanas, porque há muitos anos não sabem onde estão seus filhos, vítimas de desaparecimentos forçados.

Em inúmeras cidades, a Cidade do México inclusive, se realizaram marchas para protestar contra esse crime atroz e reclamar das autoridades que apressem a busca de ao menos cem mil pessoas, jovens quase todos, que sumiram sem deixar nenhum vestígio.

Os sequestros e os desaparecimentos são frequentes nesse país, onde familiares continuam indagando sobre os casos ocorridos na praça de Tlatelolco em outubro de 1968, quando a polícia e o exército atacaram os estudantes que protestavam naquele lugar.

A praga se multiplicou quando o ex-presidente Felipe Calderón Hinojosa, que governou o México de 2006 a 2012, acatou a imposição dos EUA de travar em seu país uma guerra contra o tráfico de drogas.

Antes disso, o tráfico de entorpecentes já tinha sido um problema grave no México, que compartilha mais de três mil quilômetros de fronteira com seu vizinho do norte.

Durante esse enfrentamento, o solo mexicano foi semeado de cemitérios clandestinos, que eventualmente são descobertos, mas se avança pouco na identificação dos corpos.

O presidente Andrés Manuel López Obrador se comprometeu a investigar os fatos, que incluem o desaparecimento dos 43 normalistas no município de Ayotzinapa, no estado de Guerrero.

A mesma magnitude do problema e a corrupção em que esteve esse país envolvido naqueles anos, fazem com que a tarefa deste governo seja titânica.

Na marcha de mães de desaparecidos, realizada na capital do México, havia mulheres originárias de países da América Central, que tratam de descobrir o que se passou com seus filhos, pois nada sabem deles desde que cruzaram esse país com destino à fronteira dos EUA.

Os migrantes sofrem na pele esses crimes, alguns porque não podem pagar as extorsões de bandos de traficantes, e outros porque são sequestrados para a exploração sexual ou trabalho escravo.

O desaparecimento forçado é um delito terrível, que não prescreve, é uma maneira macabra de produzir dor e estendê-la para sempre.

 

 

 



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