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Por Maria Josefina Arce
O Peru está mergulhado na instabilidade política e social. Os protestos não cessam contra o governo da presidente Dina Boluarte e são reprimidos com violência pela polícia e o exército. Os ataques contra os manifestantes deixaram até agora uns 50 mortos e inúmeros feridos e presos.
Os peruanos estão nas ruas desde que foi afastado do cargo, em 7 de dezembro passado, o chefe de Estado Pedro Castillo. Foi preso imediatamente depois do impeachment e continua na cadeia. A policia o prendeu sob a acusação de rebelião por ter anunciado a dissolução do Congresso e convocado a eleger uma Assembleia Constituinte.
Poucas horas depois da destituição de Castillo, foi empossada Dina Boluarte, mas ela não é do agrado da população que reclama sua demissão e também a renúncia do Congresso, eleições antecipadas, instalação de uma Assembleia Constituinte e a soltura de Castillo e de outros presos.
Em dias recentes, Boluarte pediu perdão ao povo peruano pela situação reinante no país e as mortes nos protestos, porém os passos que está dando vão na direção contrária a essa paz e calma que disse buscar seu governo. A verdade é que radicalizou sua política de perseguição e não escuta o que os peruanos querem. Sete lideres sociais foram presos na cidade de Ayacucho nos últimos dias.
Ademais, Boluarte, que deixou claro que não vai soltar o governo, suspendeu por 30 dias os direitos constitucionais em várias regiões do país. Os moradores de Lima, el Callao, Puno e Cusco amanheceram no domingo passado em estado de emergência, justamente quando eram convocados novos protestos para esta semana.
O decreto governamental autoriza as forças militares a intervirem junto com a polícia para resguardar a ordem pública.
A verdade é que desde que Castillo anunciou sua candidatura para as eleições de abril de 2021, a direita está alerta, o professor rural esteve à mira desde aquele momento e, finalmente, foi vítima do golpismo da oligarquia.
Com mais de 50 por cento dos votos ganhou as eleições no segundo turno, em seis de junho do ano passado. Porém, foi obrigado a esperar mais de um mês para que sua vitória fosse declarada formalmente, porque sua rival, a direitista Keiko Fujimori, atacou-o com falsas acusações de fraude.
Em 28 de julho foi empossado e a partir daquele instante a oligarquia se encarregou de não deixar respirar o novo presidente.
Em um ano e meio de mandato não pôde governar.
Castillo se viu obrigado a trocar ministros, por pressões do Congresso, que está nas mãos da direita. Antes que triunfasse a fabricada moção de “vacância” que conduziu ao impeachment, tinha sido alvo de dois processos dessa índole.
O primeiro foi em dezembro de 2021, poucos meses depois de assumir a presidência, porém não foi admitido. O segundo foi em março de 2022, mas só recebeu 55 votos a favor, dos 87 necessários.
O Peru não consegue sair da instabilidade política e social. Desde 2016, contando Boluarte, se sucederam seis presidentes. Os últimos acontecimentos só serviram para agravar a crise constitucional no país andino.