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Por Maria Josefina Arce
A privatização do fundo de aposentadoria é um dos eixos do modelo neoliberal promovido pelo Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) e outras instituições financeiras.
O Chile, durante a ditadura militar do general Augusto Pinochet, foi o primeiro país da América Latina que privatizou a previdência. Mais tarde, outras nações da região foram aderindo.
Ao longo dos anos, essa política foi prejudicando a massa de trabalhadores, agravou a pobreza, a desigualdade de rendas e de gênero, porquanto a média regional de salários das mulheres é menor que a dos homens. Em suma, esta prática só beneficiou as elites da sociedade, os bancos e instituições financeiras.
Em alguns países, essa situação foi revertida após a crise de 2008 e a chegada de governos progressistas, cientes de que é um dever assegurar condições de vida dignas aos idosos depois de longos anos de trabalho.
Contudo, cada vez que a direita começa a governar, o fundo de aposentadoria volta à ordem do dia. É o caso do Equador, onde o presidente Gullermo Lasso, banqueiro, está querendo privatizar a previdência social.
Diante disso, os equatorianos estão se preparando a defender seus direitos nas ruas. A FUT (Frente Unitária de Trabalhadores), a maior central operária do país, convocou a protestos na quinta-feira.
Mesias Tatamuez, alto dirigente da FUT, disse que o governo, sob o pretexto de que o Instituto Equatoriano de Seguridade Social está em crise, está pensando em colocar em mãos privadas algumas áreas como a administração do fundo de aposentadoria.
A sociedade exige que o governo cumpra suas obrigações e liquide a dívida de muitos milhões com o Instituto, que atinge a provisão de serviços de saúde aos filiados e o sistema de aposentadoria.
A isto se soma que em 2023 a instituição verá reduzido seu orçamento em 100 milhões de dólares, comparado com o ano anterior.
As autoridades já confirmaram uma chamada “Comissão Cidadã” de peritos para avaliar a situação do Instituto. Uma comissão da qual estão excluídos os trabalhadores, mas fazem parte casualmente um ex-gerente do Banco Central e um ex-vice-presidente, que já tinham tentado privatizar a entidade.
Diante da situação atual, a Frente Unitária de Trabalhadores exortou a criar “Frentes de Defesa da Previdência Social” para impedir que as imposições do FMI e as práticas neoliberais de Guillermo Lasso se concretizem.
Os equatorianos sairão às ruas para denunciar os planos governamentais. A privatização da previdência faz com que a incerteza comece a pairar sobre a vida de muitos quando já não puderem continuar no mercado de trabalho.