A comunidade latina nos EUA se sente abandonada e frustrada diante da demora na instauração de uma reforma migratória, tantas vezes prometida pelo presidente Barack Obama.
Nos últimos meses, ele se afastou desse tema para se centrar nas crises em torno da Ucrânia e do Estado Islâmico, e nas eleições legislativas parciais de novembro.
Recente enquete da agência Gallup mostra que um de cada seis cidadãos norte-americanos acha que a imigração é o problema mais importante a resolver pelo governo de Obama. Por sua vez, os empresários desse país continuam pressionando para regularizar o status de 11 milhões de residentes sem documentos.
Porém, o inquilino da Casa Branca prefere esperar a votação que definirá a renovação parcial do Congresso. Apesar de que os latinos dão preferência aos representantes do Partido Democrata, a promessa não cumprida de Obama poderia ter certa influência nas urnas.
Mais de sete milhões de latinos têm direito a votar em novembro. Isso representa um aumento de 17,8% em relação com o cadastro de 2010. Essa situação deve ser levada em conta pelo governo.
Muitos ativistas acreditam que a demora na aprovação de uma nova legislação migratória prejudica milhares de famílias, que se veem separadas pelas deportações de imigrantes sem documentos.
O certo é que a administração atual bateu o recorde nesse aspecto. Nos cinco primeiros anos de mandato foram devolvidas a seus países de origem cerca de dois milhões de pessoas. O montante supera as expulsões registradas durante os oito anos de governo do seu antecessor George Bush.
Os ativistas apontam que a cada dia são vítimas dessa situação mil novas famílias, muitas delas com crianças.
Apesar dos protestos de rua, será preciso esperar até depois das eleições de novembro para ver se o presidente dos EUA afinal vai assumir seus compromissos de reformar o sistema migratório do país, diante da falta de ação dos legisladores em torno desse assunto.
(M.J. Arce, 17 de setembro)