A "Europa acolhedora"

Editado por Irene Fait
2023-12-25 17:40:53

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Por Guillermo Alvarado

Em um momento em que muitas pessoas, especialmente no hemisfério ocidental, costumam trocar saudações, afeto, bons votos e vontade de melhorar as relações entre as pessoas, vários países europeus insistem em demonstrar sua rejeição e desprezo pelos migrantes que tentam chegar a esse solo.

O governo francês, cada vez mais distante dos princípios de igualdade, liberdade e fraternidade que iluminaram o mundo há pouco mais de dois séculos, aprovou recentemente uma lei que endurece as condições para aqueles que estão lá em situação irregular.

A essência dessa legislação é que não somos todos iguais e aqueles que não têm uma situação legal no país também não receberão os benefícios sociais oferecidos ao restante dos cidadãos.

Essa distinção, é claro, só se aplica aos migrantes de fora da UE, ou seja, aqueles que não vêm de outras nações da União Europeia. Em outras palavras, para ser mais claro, ela se destina especialmente a pessoas de países pobres da África, da América Latina e do Caribe ou de determinadas regiões da Ásia.

Se houver alguma dúvida sobre a natureza xenófoba da lei, vale observar que recebeu o apoio total do partido de extrema direita Marine le Pen.

Assim, a França se colocou no mesmo nível moral do Reino Unido, onde, desde meados do ano passado, existe uma regulamentação para enviar a Ruanda os solicitantes de asilo enquanto seus pedidos estão sendo examinados. Isso pode levar um ano, cinco anos, dez anos ou nunca receberão uma resposta.

À espera da data para o início das expulsões em massa aceleradas, os que pediram asilo são trancados em uma infame prisão flutuante que está atracada no porto de Portland, no sul da Inglaterra.

A barcaça se chama "Bibby Estockholm" e tem uma longa história. Foi usada de 1994 a 1998 para abrigar pessoas sem-teto, solicitantes de asilo inclusive, em Hamburgo, Alemanha.

Em 2005, a mesma foi transferida para a Holanda, para deter migrantes sem documentos, até 2008, quando uma pessoa presa lá morreu devido à negligência na prestação de serviços médicos.

Agora está no Reino Unido, cujo primeiro-ministro Rishi Sunnak, a propósito, é descendente de migrantes, só que eles fizeram fortuna e o dinheiro em quantidades adequadas, como se sabe, serve para apagar muitas diferenças.

Até agora, estamos falando daqueles que conseguiram superar milhares de obstáculos e chegar a uma fronteira europeia. Muitos, vários milhares, ficam no meio do caminho, ou são engolidos pelas águas do Mediterrâneo, mas essa, meus amigos, é outra história, que também vamos contar.



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