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Por María Josefina Arce
A violência tomou conta do Haiti. O pequeno país caribenho está passando por uma situação crítica e alarmante; gangues criminosas foram se apoderando da nação e, hoje, controlam 80% do território semeando o terror entre a população civil e causando inúmeras vítimas.
De acordo com as Nações Unidas, em janeiro a violência deixou mais de 800 pessoas mortas. Somente em 2023, cerca de 8.000 pessoas foram vítimas de ataques de gangues, um número elevado que inclui mortos, feridos e sequestros.
A onda de insegurança aumentou no fim da semana passada, quando grupos criminosos atacaram a principal prisão de Porto Príncipe, a capital. Milhares de detentos conseguiram fugir e as autoridades declararam o estado de emergência por 72 horas e toque de recolher em boa parte do país a partir de domingo.
O Haiti, classificado como a nação mais pobre do hemisfério, está passando atualmente por uma crise humanitária devido ao caos desencadeado pelas gangues, que levou a fechar lojas, negócios e outras atividades econômicas. A tudo isto se soma o impacto dos desastres naturais ao longo do tempo.
No final do mês passado, a ONU lançou um apelo para coletar US$ 674 milhões com o propósito de ajudar quase quatro milhões de haitianos que padecem insegurança alimentar.
O assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021, levou ao endurecimento da violência. E, ao fracassar o primeiro-ministro Ariel Henry em convocar eleições gerais, se desencadeou o caos no país caribenho, cujo Parlamento não funciona atualmente. Em janeiro de 2023 expirou o mandato dos últimos senadores.
A verdade é que o Haiti passou por momentos complexos ao longo de sua história, com crises econômicas, políticas, sociais e de saúde e intervenções de forças estrangeiras, a primeira delas em 1915 pelos Estados Unidos e que durou até 1934, aumentando a pobreza e a desigualdade entre a população.
Depois viria, na década de 1950, a sangrenta ditadura da família Duvalier que se estendeu até 1986. Quarenta mil mortos, mais de um milhão de exilados e uma pobreza escandalosa foram o triste resultado daquele período.
Desde então, tropas estrangeiras foram estacionadas no país em diferentes etapas. Em 2010 o país foi devastado por um terremoto que matou mais de 220.000 pessoas.
A situação atual, que está se deteriorando a cada minuto, está causando preocupação e alarme. Muitas vozes, como a da CELAC ( Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), pediram um diálogo urgente entre a sociedade civil e os atores políticos para encontrar uma saída para a atual instabilidade política e social no Haiti.