[Africa do Sul votou em sua 7a eleição desde o fim do aprtheid AFP / GIANLUIGI GUERCIA
Por Pedro M. Otero Cabañas
Os resultados das eleições gerais da semana passada na África do Sul confirmaram duas coisas. O Congresso Nacional Africano (ANC), que está no poder há 30 anos, não conseguiu obter maioria no Parlamento para governar. Porém, apesar disso, foi o partido que recebeu o maior número de votos.
Cerca de 28 milhões de pessoas foram convocadas a votar nas eleições deste ano na África do Sul.
O ANC tem governado sozinho a África do Sul desde a derrota do apartheid em 1994. Naquele ano, conseguiu superar o governo da minoria branca com pouco mais de 70% dos votos e formar um governo liderado pelo lutador antirracista Nelson Mandela.
Agora, sem uma maioria de 50%, terá que negociar uma coalizão para permanecer no governo.
Nas eleições gerais da África do Sul, os partidos são votados para decidir quantas cadeiras obtém cada um no Parlamento. E esta instância deve eleger o presidente em 14 dias.
Após ter sido divulgado o resultado da votação, o presidente Cyril Ramaphosa pediu aos partidos que superassem suas diferenças e encontrassem "pontos em comum" para formar um governo de coalizão.
De acordo com relatos da mídia, um dos possíveis parceiros da coalizão, o novo partido MK do ex-presidente Jacob Zuma disse que uma de suas condições para qualquer acordo com o ANC é que o atual presidente se demita.
As fontes recordam que o ANC conquistou a maioria em todas as eleições nacionais dos últimos 30 anos, mas que os problemas de divisão política, desigualdade e desemprego cobraram seu preço.
O presidente Ramaphosa afirma que o ANC está em um processo de renovação para retornar a África do Sul ao caminho do progresso econômico e social.
Os especialistas consideram que o equilíbrio no poder não ocorreu. Milhares de pessoas ainda lutam para conseguir empregos com salários justos.
Por sua vez, o secretário-geral do ANC, Fikile Mbalula, disse que o partido estava aberto a todas as negociações, inclusive com a Aliança Democrática (DA), principal partido de oposição, que há anos está na vanguarda das críticas ao ANC, mas que muitos analistas consideram a opção de coalizão mais estável para a África do Sul.
Vale recordar que a África do Sul tem a economia mais desenvolvida da África, com setores que vão desde a agricultura, serviços financeiros, comércio, turismo e um robusto setor informal avaliado em milhões de dólares. É a 42ª maior economia entre 196 países do mundo.