Violência nos EUA
Por Guillermo Alvarado
Profunda comoção causou em todo o mundo o tiroteio em um comício de campanha do ex-presidente Donald Trump, no qual ele próprio foi ferido, houve dois mortos, o atirador inclusive, e duas pessoas estão em estado delicado.
O evento foi quase unanimemente descrito como tentativa de assassinato contra o líder republicano e a condenação é praticamente universal, independentemente das tendências políticas ou diferenças ideológicas entre governos e países.
De acordo com as informações disponíveis até o momento, o autor do ataque foi um norte-americano de 20 anos chamado Thomas Mathiew Crooks, de Pensilvânia, o mesmo estado onde o comício de Trump estava sendo realizado.
Ao ser morto a tiros pela polícia, será difícil conhecer os detalhes sobre os motivos que o levaram a tentar o assassinato.
É claro que esse tipo de violência é totalmente condenável e, nos EUA, políticos, autoridades e analistas concordam em rejeitar o uso excessivo da força em meio a uma disputa política, que deveria ser uma celebração cívica, não uma carnificina.
Talvez este seja o momento certo para refletir profundamente sobre o estado dessa sociedade cada vez mais polarizada, onde, embora algo assim não aconteça desde 1981, quando Ronald Reagan foi baleado, a violência armada é uma ocorrência quase diária.
Vale recordar que os Estados Unidos são o único país do mundo onde o número de pistolas, revólveres e rifles, de vários calibres e potências nas mãos de civis supera o número de habitantes incluídos bebês recém-nascidos e idosos.
Naquele país, conseguir uma arma como a usada por Mathiew Crooks, um fuzil do tipo AR-15, é quase tão fácil quanto fazer compras em um supermercado. Hoje em dia existem até máquinas de autosserviço para comprar munição, como as usadas para guloseimas ou refrigerantes.
Somente no ano passado, 2.554 pessoas morreram em tiroteios em massa no país, de acordo com a organização não governamental Arquivo de Violência Armada. Isso representa quase sete mortos por dia ou, se preferir, uma a cada três horas e 43 minutos.
A consternação com o ataque de sábado deve levar a ações concretas para controlar e limitar a venda de armas e munições, restringir o poder da Associação Nacional do Rifle colocando acima de tudo o direito à vida de cada cidadão, independentemente de seu papel na sociedade.