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Guillermo Alvarado
O presidente eleito dos EUA alcançou seu objetivo de obter a maioria em ambas as casas do Congresso, a Câmara dos Deputados e o Senado, e seu próximo passo foi exigir a lealdade incondicional dos legisladores para quaisquer ideias que ele possa ter durante seu segundo mandato.
Devemos admitir, embora não seja do nosso agrado, Donald Trump contará com um poder que não tinha alcançado em seu primeiro mandato. Venceu a eleição presidencial varrendo nos chamados estados-chave, ganhou o colégio eleitoral, e o voto popular.
No entanto, teremos de aguardar os primeiros meses de seu mandato para descobrir se essas circunstâncias lhe permitirão um cheque em branco no exercício do poder, ou se haverá bolsões de resistência que o impeçam, ou pelo menos dificultem que faça o que der na telha.
Vamos ver o que vai acontecer quando o Senado comece a debater sobre o gabinete proposto por Trump, no qual há algumas figuras controversas que são difíceis de aceitar no campo republicano.
Uma delas é o indicado para Secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Júnior, que, de uma linhagem democrata, aderiu ao movimento republicano.
Virar a casaca é algo difícil de digerir em ambos os partidos, mas isso não é o pior. Robert F. Kennedy Júnior é antivacina, e defende as teorias conspirativas.
Os conservadores também estão insatisfeitos com o fato de o futuro Secretário de Saúde apoiar o aborto até 24 semanas de gestação, uma questão que assusta os puritanos.
Essa nomeação testará a lealdade absoluta que o próximo chefe da Casa Branca exigirá dos congressistas e poderá ser um divisor de águas entre aqueles que estão dispostos a fazer o que lhes é pedido e os que preferem ter um mínimo de dignidade e independência de ação.
Há outra questão que até agora mal foi mencionada, mas que em breve poderá se tornar um assunto de debate nacional. Trump deixou escapar a ideia de reformar as leis do país e introduzir a possibilidade de um terceiro mandato presidencial, ou seja, dar a si mesmo mais um mandato.
Em uma sociedade que não gosta das grandes mudanças, isto significa uma transformação radical. Vamos ver se aqueles que têm o manejo real do país em suas mãos estariam dispostos a tolerar a tal reforma.
Não devemos esquecer que, nos EUA, o presidente exerce o poder, mas não o encarna, é apenas um delegado ou, para ser mais claro, um empregado.