As últimas ações mais recente dos Estados Unidos diluem ainda mais suas relações com a América Latina, uma região que sempre considerou como seu quintal. O decreto do presidente Barack Obama contra a Venezuela, que a qualifica como uma ameaça, agora se junta à crescente presença militar deste país na região.
Nos últimos dias, criaram uma unidade especial na Honduras por supostas “missões de colaboração”, que terão 250 fuzileiros navais, helicópteros e catamarã de alta velocidade.
As novas tropas se juntaram os 500 militares que os Estados Unidos têm de forma permanente na base de Palmerola, localizada a 86 quilômetros de Tegucigalpa, a capital.
Analistas políticos lembraram que esta instalação militar é fundamental para os interesses dos Estados Unidos nesse país e na região, sendo protagonista do golpe de Estado contra o presidente constitucional Manuel Zelaya em 2009.
A decisão norte-americana de ampliar sua presença militar desconhece que a América Latina e o Caribe foram declaradas zonas de paz, em janeiro de 2014, na Segunda Cúpula da CELAC, Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos.
Dai que a UNASUL, União de Nações Sul-americanas vai promover na Cúpula das Américas,que se realizará no Panamá no final desta semana, o debate sobre a retirada das bases militares dos Estados Unidos na região.
A respeito, o secretário-geral da UNASUL, Ernesto Samper, manifestou sua preocupação com a proliferação de bases no continente e propôs a eliminação definitiva e de repensar as relações conflituosas entre o norte e os países do sul.
Uma pesquisa da jornalista argentina Telma Luzzani, publicada há três anos, identificou mais de 30 Locais de Operações de Avançada em pelo menos 17 países da região. Segundo o estudo, são pequenos enclaves onde imperam as leis norte-americanas. Eles são usados para colectar dados, proteger oleodutos, estudar os fluxos migratórios e fazer vigilância política.
Além de apoiar golpes de Estado como os dados a Hugo Chávez na Venezuela e Rafael Correa no Equador, algumas destas instalações funcionam como centros de detenção e tortura como a base que mantêm ilegalmente em Guantánamo.
Sem dúvida, uma mudança nas relações entre os Estados Unidos e a América Latina e o Caribe passa necessariamente pela eliminação dessas bases que constituem uma ameaça para a paz e segurança na região. Como uma vez afirmou o líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro, o único propósito dos Estados Unidos com estes enclaves é pôr a América Latina ao alcance de suas tropas em questão de horas.
(M.J. Arce – 10 de abril de 2015)