Sem sequer esperar uma moção de confiança do Parlamento, o primeiro ministro da Grécia, Alexis Tsipras, anunciou sua renúncia e convocou eleições antecipadas em 20 de setembro. O mandatário o fez com a leve esperança de que a população vote de novo por um projeto que fracassou ao baixar a cabeça perante seus credores e as autoridades europeias em Bruxelas.
O líder da Coalizão de Esquerda Radical, Syriza, chegou ao governo com a promessa de rejeitar as imposições de seus parceiros da eurozona. Além disso, também garantiu pôr fim aos programas de austeridade e procurar outras alternativas destinadas a estimular a economia, gerar empregos e terminar com a prolongada crise.
Não obstante, e apesar de obter o apoio popular no referendo pelo “Não”, o chefe do governo grego acabou aceitando os termos de um terceiro pacote financeiro. Este como os dois anteriores, tem o propósito de pagar a dívida em vez de gerar investimentos para aumentar a produção.
Ao anunciar sua demissão, Tsipras reconheceu que o mandato obtido em 25 de janeiro passado já concluiu. O mandatário grego cedeu perante a chanceler alemã, Ângela Merkel. O fim de seu governo ficou claro quando precisou dos votos da oposição para aprovar no legislativo grego o resgate financeiro. Cabe destacar que este resgate de 85 bilhões de euros, com seus respectivos interesses, vai acabar enchendo os bolsos dos banqueiros.
O acontecido na Grécia tem sérias consequências em outros países. A eleição de Tsipras tinha despertado neles a esperança de fugir da ditadura financeira do Banco Central Europeu, o Fundo Monetário Internacional e o Conselho da União Europeia. A famosa “troika” é na realidade quem decide a democracia nesse bloco continental.
Assim foi colocado por Teresa Rodríguez, líder da organização “Podemos” em Andaluzia, na Espanha, quando expressou seu temor de que nesse país aconteça um “tremor de pernas igual ao de Tsipras”.
O acontecido também é um fracasso para o Partido Comunista Francês, que outorgou toda sua confiança e apoio ao dirigente de Syriza. Nele se via a possibilidade de contestar os ditados da Merkel e sus parceiros. Esperava-se dar outra alternativa aos países da União Europeia que não fosse a austeridade e os programas de ajuste neoliberal.
De momento a experiência deixou uma profunda fratura em Syriza e isso faz que as eleições marcadas para 20 de setembro se tornem muito difícil para esse partido.
(GA – 22 de agosto)