Papa visita um México conturbado pela violência

Editado por Yusvel Ibáñes Salas
2016-02-11 09:04:53

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O papa Francisco fará sua primeira visita ao México de 12 a 17 de fevereiro. É a sétima vez que um Sumo Pontífice da Igreja Católica visita esse país, que detém o segundo lugar no planeta em número de católicos, só superado pelo Brasil.

A expectativa é enorme. Em primeiro lugar, é o primeiro papa de origem latino-americana e, em segundo, pelo vestígio deixado lá pelos seus predecessores, especialmente João Paulo Segundo, que visitou o México nada mais e nada menos que cinco vezes e recebeu dos mexicanos o apelativo de “papa amigo”.

O chefe do Estado Vaticano será recebido formalmente, pela primeira vez, no Palácio de Governo pelo atual presidente Enrique Peña Nieto, uma distinção singular, levando em conta que, nessa nação, os poderes públicos e a Igreja estão estritamente separados.

Vale recordar que o México foi abalado por um conflito armado por motivos religiosos de 1926 a 1929, a denominada “guerra dos cristeiros”, que envolveu numerosos estados: Jalisco, Mochocoán, Durango, Guanajuato e Zacatecas e, segundo diferentes fontes, provocou de 100 mil a 250 mil mortos e números similares de deslocados.

O confronto se desencadeou pelas mudanças feitas na Constituição depois da Revolução Mexicana: separaram o Estado da Igreja, proibiram as manifestações religiosas públicas e foi banido o direito das congregações de terem propriedades.

Após o conflito se pactuou uma espécie de separação equilibrada entre o público e o religioso. Daí a importância do gesto de Peña Neto, que receberá o papa Francisco na sede do executivo.

O Sumo Pontífice da Igreja Católica conhecerá um povo impactado por elevados índices de violência que deixaram milhares de mortos e desaparecidos nas últimas décadas. Entre os crimes de alto impacto podemos mencionar o sequestro de 43 estudantes da aldeia de Ayotzinapa, no estado de Guerrero, um delito ainda não esclarecido, e o assassinato, nesta semana, da jornalista Anabel Flores Salazar, raptada de sua casa no município de Veracruz por homens armados. O corpo sem vida de Anabel foi encontrado um dia depois.

A violência, por cima da pobreza e outros males, é a principal preocupação da sociedade mexicana e o papa terá a ocasião de apalpar o impacto deste flagelo durante seu percurso pelo país.

Singular importância terá sua visita ao túmulo do bispo Samuel Ruiz na cidade de San Cristóbal de las Casas, perto da fronteira com a Guatemala. Ruiz foi um defensor ferrenho dos direitos dos povos indígenas e dos humildes de sua congregação. Por esta postura teve de enfrentar até a hierarquia eclesiástica mexicanas, as autoridades políticas e as forças de segurança.

Será, portanto, uma visita valiosa, precedida por outro acontecimento de relevante importância: o encontro, em Havana, do papa com o Patriarca Kiril, da Igreja Ortodoxa russa. Será uma mensagem de paz, de concórdia e de entendimento ao mundo todo.



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