O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos disse que preferia esperar um pouco mais e obter um bom acordo para por fim ao confronto armado em seu país, ao invés de assinar um documento incompleto no próximo 23 de março, com estava previsto. Sem dúvida, é um importante gesto para alcançar, finalmente, a paz firme e duradoura em seu país.
Em comentário anterior já tínhamos assinalado que um processo tão importante e no qual se concentrou grande esforço, não só de ambos os contendentes, mas também dos países garantes e os acompanhantes, não deve estar sujeito a prazos fatais.
Trata-se de colocar ponto final ao confronto mais antigo de nossa região, que durante mais de meio século dessangrou os colombianos, com elevado número de mortos e feridos e milhões de deslocados internos.
Houve muitas pedras no caminho, felizmente todas as barreiras foram ultrapassadas. A última surgiu quando a equipe negociadora das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo – Farc-EP – conversaram com civis durante uma viagem para explicar o processo de paz aos combatentes.
As imagens nas que as pessoas demonstravam sua clara simpatia pelos líderes rebeldes incomodaram o governo de Santos, que chegou a propor limitações unilaterais para o trabalho que fazem os insurgentes com suas bases desencadeando uma crise nas negociações, talvez a maior dos últimos anos.
Nestas circunstâncias merece destaque o papel das nações garantes do processo: Cuba e Noruega, que conseguiram desarmar rapidamente o problema e as conversações foram retomadas nos primeiros dias de março em sua sede habitual de Havana.
Após os primeiros contatos de dias recentes, as Farc-EP informaram de importantes avanços, se bem que não se clarificou a possibilidade da assinatura dos acordos na data marcada.
O anúncio do presidente Santos de que prefere esperar até o melhor pacto possível permite aos negociadores atuarem sem pressões, que não se sintam atados a uma data determinada para alcançar os últimos entendimentos, entre eles o mais importante de todos: a validação definitiva da paz e em cujos mecanismos ainda não há consenso.
O governo propõe a via de um referendo, mas os rebeldes não querem, eles pedem uma Assembleia Constituinte para incorporar tudo o que for pactuado na Constituição e garantir assim seu cumprimento estrito.
Nestas circunstâncias, vale a pena recordar o pensamento do pai da independência da Índia Mahatma Gandhi, que afirmou: “não há caminho para a paz, a paz é o caminho”.