O Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF – revelou que o desenvolvimento intelectual, social e físico de 87 milhões de crianças menores de sete anos será afetado irreversivelmente pelos enfrentamentos armados no meio dos quais são obrigadas a viver.
A primeira fase da vida é determinante para o desenvolvimento e a interconexão de milhões de neurônios no cérebro, afirma um estudo feito pela entidade.
Contudo, o estresse que causam nas crianças os conflitos em que estão envolvidas impede que este processo se desenvolva totalmente provocando atrasos insuperáveis na área de conhecimentos, conforme a especialista Pia Britto.
A brutalidade da violência extrema não só tira dos menores seu bem-estar material, sua família, amigos, segurança e a rotina de brincar, mas também fará com que como adultos sofram sérios atrasos, o que terá um impacto na vida econômica e de trabalho, não só destas pessoas mas da sociedade toda.
Os exemplos destas calamidades são muitos. A humanidade já está vivendo o terceiro milênio de sua história moderna, mas continua aprisionada em problemas similares aos da Idade Média, quando as guerras entre os povos se resolviam com o uso da força.
A única diferença é, talvez, que hoje em dia os artefatos criados para matar são muito mais eficientes e massivos comparados com os daqueles tempos.
Na Síria, três milhões e meio de crianças nasceram no meio da guerra e não conhecem outro meio que não seja esse; têm de enfrentá-la quase nas mesmas condições que os adultos. Centenas de escolas desapareceram depois dos bombardeios, ou se converteram em hospitais de campanha, ou centros de acolhida de refugiados e deslocados.
No Iêmen, onde o conflito mais recente completou um ano no último fim de semana, 90 por cento das crianças precisam de ajuda humanitária, mas esta não chega, e se chega não é suficiente.
Segundo Jamie McGoldrick coordenador humanitário da ONU para esse país, dos 1,8 bilhões de dólares solicitados para atender em 2016 às vítimas do enfrentamento, só 12% foram arrecadados.
O futuro do Iêmen, as crianças, estão abandonadas à sua sorte, denunciou Edward Santiago, diretor da organização não governamental Save the Children naquele país. Ele explicou que o terror dos bombardeios e a destruição de tudo que os rodeia faz parte do dia a dia dos menores.
Apesar de crua realidade, os vendedores de armas, entre eles os Estados Unidos e vários membros da União Europeia, estão empenhados em jogar lenha no fogo e atiçar os conflitos, para o regozijo de oligarcas, consórcios energéticos e corporações financeiras internacionais.
Estamos falando na violação generalizada dos direitos humanos elementares de um dos setores mais fracos e vulneráveis da sociedade: as crianças. E vem ocorrendo diante dos olhos de líderes mundiais que detêm o poder e têm a obrigação de conter esta barbárie.