A situação da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, se complicou ao decidir seu principal parceiro no governo, o PMDB, quebrar a aliança com o executivo, pedir aos membros do partido renunciarem aos cargos no gabinete e declarar-se independente no Organismo Legislativo.
A deserção do PMDB acontece quando a direita mais conservadora, apoiada pelos grandes meios de comunicação, acelera as manobras de um golpe de Estado “macio” com o propósito de tirar do poder o Partido dos Trabalhadores e instaurar um regime neoliberal que acabe com os avanços dos últimos anos.
O impacto sofrido por Dilma com a decisão do PMDB se deve a que esse partido ex-aliado tem uma boa força legislativa: 69 cadeiras das 513 da Câmara de Deputados, e 18 dos 81 senadores.
Para além de seis ministérios, o PMDB controla 1041 das 5.570 prefeituras da nação e tem sete governadores dos 27 estados do país. Esse partido foi parceiro de outros em quase todos os governos do Brasil depois da ditadura, que acabou em 1985. Isto permite fazer ideia de sua grande variabilidade política e sua falta de compromisso com uma linha determinada.
O sonho de seu líder e atual vice-presidente Michel Temer é ser o sucessor de Dilma se ela for afastada do governo.
Apesar de a situação ser bastante complicada, há analistas que acreditam na oportunidade do PT de reorganizar suas forças e recompor o executivo.
Por exemplo, Jaques Wagner, ministro-chefe do gabinete presidencial pensa assim. Ele trata de minimizar a gravidade do assunto e assinala que agora se abre um espaço para negociar com outros aliados e seguir para frente.
É verdade que se previa esta situação desde o final do ano passado devido à enorme pressão da direita opositora que busca sua volta ao poder pelo preço que for necessário, mesmo sacrificando os segmentos mais vulneráveis da sociedade.
Sem dúvida, é uma clara mostra de oportunismo político de alguns setores que tentam se aproveitar dos problemas econômicos do Brasil, acelerados por uma adversa conjuntura mundial, sem ligar para os benefícios alcançados durante os governos de Lula e de Dilma,que em pouco mais de uma década tiraram mais de 20 milhões de pessoas da pobreza.
Não é um caso isolado, manobras similares se realizam na Venezuela, teatro de uma feroz guerra econômica contra o presidente Nicolás Maduro, bem como na Bolívia, e no Equador, ambos no foco da direita regional e extrarregional.
Dias decisivos à vista. Os povos não podem baixar a guarda nem ceder ante a avalanche que se origina no norte de nosso continente, onde as palavras independência e soberania provocam comichão e vivem os da chamada restauração conservadora, que não é outra coisa senão a volta à submissão e à vergonha.