As forças mais escuras da sociedade colombiana saíram às ruas no último fim de semana, para manifestar sua oposição aos esforços do governo e dos insurgentes a fim de encontrar solução pacífica ao conflito armado interno mais antigo e violento de nosso continente.
Em 24 cidades colombianas, desfilaram pessoas ligadas à extrema direita, militares reformados, ex-policiais, políticos e até alguns deputados, todos simpatizantes do ex-presidente Álvaro Uribe, um dos mais ferozes inimigos da paz.
Esses “corajosos” patriotas exigiram a cessação das negociações com as Forças Armadas revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo – FARC-EP, o fim dos contatos recém-estabelecidos com o ELN- Exército de Libertação-, e a colocação em liberdade de alguns altos oficiais presos por corrupção e violações aos direitos humanos.
Quase ao mesmo tempo, o grupo militar conhecido como “clã Úsuga” realizou uma espécie de greve armada, que se traduziu em ataque brutal às liberdades da população dos departamentos de Antioquia, Chocó e Córdoba. Nesses lugares, os grupos armados pararam o tráfego e as atividades comerciais, queimaram automóveis e assassinaram pelo menos cinco pessoas desafiando assim as autoridades e os que tentam construir um novo país, mais tranquilo, progressista e justo.
Em um cenário tão violento provocou particular preocupação o atentado contra a ex-senadora Piedad Córdoba. Ela denunciou que um homem tentou atirar nela. Por razões desconhecidas, as autoridades insistiram em desmentir esta ação com o apoio de alguns meios de comunicação.
Tudo isso permite fazer ideia do complicado panorama existente no país, onde persistem grupos que se beneficiam do clima de violência e do próprio conflito, porquanto teimam em manter a guerra a qualquer preço, sem reparar nos sofrimentos da população.
Vale recordar uma experiência trágica na história recente da Colômbia, quando, em 1984, em consequência de um diálogo entre o governo do presidente Belisario Betancur e as FARC-EP se criou o partido de esquerda União Patriótica.
Nas duas décadas seguintes, esta organização foi alvo de uma política de extermínio e mais de cinco mil de seus membros foram assassinados, entre eles os candidatos à presidência Jaime Pardo e Bernardo Jaramillo.
Diante do risco de que se repitam estes acontecimentos, é preciso mobilizar todas as pessoas de boa vontade para combater o denominado “uribismo” repleto de clãs paramilitares associados a máfias.