Os pais dos 43 estudantes de Ayotxinapa ainda não sabem ao certo o que aconteceu com seus filhos

Editado por Yusvel Ibáñes Salas
2016-04-27 11:47:27

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A 19 meses do desaparecimento de 43 estudantes do município mexicano de Ayotzinapa, no estado de Guerrero, os pais e familiares ainda não sabem ao certo o que foi que aconteceu com seus filhos. Por sua vez, as autoridades parecem fazer tudo para não continuar mexendo no assunto.

Nesta semana, foi divulgado um documento elaborado pelo Grupo Peritos Independentes, conhecido pelas siglas GIEI, no qual são desmentidas várias das “verdades históricas” que a procuradoria mexicana tinha apresentado com relação à tragédia.

O texto assinala que não existe nenhuma evidência científica de que os garotos tivessem sido incinerados num depósito de lixo e seus corpos reduzidos a cinzas, as que teriam sido jogadas num rio.

Os peritos determinaram que naquelas circunstâncias era impossível que isso tivesse ocorrido, porquanto para queimar um corpo totalmente precisam-se de instalações apropriadas. Eram 43 pessoas e a céu aberto essa hipótese da procuradoria é insustentável.

Igualmente, assinalaram que os celulares das vítimas estiveram ativos durante dias e até semanas depois deles terem sumido, o que contradiz a versão oficial de que foram destruídos junto com seus donos.

A resposta do governo do presidente Enrique Peña Nieto a este documento foi a seguinte: os membros do GIEI não podem continuar trabalhando no caso depois de 30 de abril e os que não forem mexicanos deverão sair do país ao expirar essa data.

Segundo Bernardo Campos, pai de um dos desaparecidos, o grupo de peritos independentes lhes incutiram confiança, levando em conta que o governo nunca falou a verdade. Agora vão-se embora, não porque tivessem terminado seu trabalho, mas por falta de vontade política do governo para esclarecer os fatos e levar o caso até as últimas consequências.

Como se recordará, a 26 de setembro de 2014, um grupo de 43 normalistas do município de Ayotzinapa foi detido por policiais municipais na localidade de Iguala quando se dirigia a uma manifestação e sumiu sem deixar rasto.

Até agora têm sido inúteis os esforços dos familiares na obtenção de uma história crível da tragédia, enquanto os investigadores oficiais caem em contradições.

Impediu-se, também, vistoriar um quartel militar situado nos arredores, aonde, se suspeita, os jovens foram levados, e talvez assassinados, provavelmente com a participação de autoridades locais e bandos de criminosos dedicados ao narcotráfico.

O prefeito de Iguala e sua mulher foram detidos por suposta corrupção, mas não conseguiram tirar deles o lugar aonde foram levados os garotos.

Agora, a decisão do governo de impedir que continuem os trabalhos do GIEI só consegue ensombrecer o assunto e muitos se perguntam por quê o empenho em impedir a investigação.

Tanto medo à verdade só aumenta as suspeitas de que no assunto estão envolvidas pessoas mais importantes do que o prefeito de um pequeno município e um grupinho de policiais.

Os país não esmorecem, continuam batalhando contra vento, tempestade e autoridades com a esperança de que, algum dia, haja luz no final do túnel, se imponha a justiça e recebam seu merecido castigo os culpados de tanto sofrimento.



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