Uma marcha de mães na capital do México para reclamar do governo que faça as investigações necessárias no caso de seus filhos desaparecidos traz à tona o drama dos desaparecidos nesse país, cujo número oscila entre 26 mil e 27 mil conforme diferentes fontes.
Essa situação tem prevalecido durante décadas, mas o número aumentou rapidamente depois de o governo ter lançado a guerra contra as mafias que levam drogas aos Estados Unidos.
Ademais das vítimas deste enfrentamento, que parece inútil para combater o narcotráfico, existe outro grupo de desaparecidos cujo número é muito difícil de calcular porque, na grande maioria dos casos, não há denúncias.
Estamos falando nos migrantes provenientes da América Central e outros países do sul do continente, que, em seu trajeto aos Estados Unidos, devem atravessar o território mexicano onde geralmente são assaltados ou assassinados por gangues, ou conduzidos à força às escuras redes do tráfico de seres humanos para serem explorados sexualmente ou no trabalho.
Este é o quinto ano consecutivo que mulheres de diferentes lugares se congregam na cidade do México, no Dia das Mães, que se comemora nesse país em 10 de maio, para exigir justiça ao governo.
O desaparecimento forçado é considerado um delito de lesa humanidade, portanto, não prescreve nunca.
É um crime cruel, que não só afeta uma pessoa, mas também envolve todo o seu entorno, porquanto pais, irmãos, filhos ou parceiros podem passar anos mergulhados na angústia de não saber o que se passou com seu familiar, se esta vivo ou morto.
A mobilização batizada como Marcha da Dignidade Nacional, exige que os familiares possam participar da redação de uma eventual Lei Geral contra o desaparecimento à força, um texto que o atual governo presidido por Enrique Peña Nieto não quer formular.
Uma informação que faz com que este tema seja mais escabroso é que conforme organizações humanitárias e não governamentais, perto de 30 por cento dos desaparecimentos no México são menores de idades, muitos deles escolares que um dia evaporaram no caminho ao colégio ou de volta a casa e nunca mais se soube deles.
Aos milhares de nomes já existentes se somam os de 43 estudantes normalistas do município de Ayotzinapa, estado de Guerrerro, cujos pais ainda estão aguardando uma explicação do governo sobre o caso que leva quase dois anos sem resposta.
O denominador comum de todos os protestos é a exigência de que o Estado assuma a responsabilidade total para eliminar este flagelo, no qual coincidem o crime organização, a atuação de autoridades corruptas e a ineficácia dos aparatos de justiça, a polícia e a segurança.