Que este seja o último dia da guerra, disse o comandante guerrilheiro Timoleón Jiménez. Já o presidente Juan Manuel Santos, representante do Estado colombiano, afirmou que a paz é possível e começamos a construí-la. E todos nós aplaudimos, porque foi uma data histórica em Havana, onde as duas partes envolvidas no conflito mais longo da história apostaram no cessar-fogo bilateral e definitivo.
Estamos falando, naturalmente, na cerimônia realizada na semana passada nesta capital, onde personalidades de primeiro nível foram testemunhas da assinatura do documento através do qual as partes se comprometeram a não pegar mais nos fuzis, e à deposição das armas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia- Exército do Povo, mais conhecida pelas siglas FARC – EP, a guerrilha mais antiga da região.
Houve quem comemorou o acontecimento como a assinatura da paz na Colômbia, mas é preciso clarificar que, apesar de toda sua transcendência e importância, que congregou em Havana numerosos chefes de Estado e personalidades políticas, como o secretário geral da ONU Ban Ki-moon, em verdade ainda há muito trabalho pela frente para alcançar esse objetivo que se considera, hoje em dia, irreversível, como assegurou o presidente de Cuba, Raúl Castro.
Além disso, vale recordar: o que fizeram as Farc na quinta-feira passada em Havana foi reafirmar uma decisão tomada em julho do ano passado, quando decretaram o cessar-fogo unilateral.
O acordo tardou porque a outra parte do enfrentamento, isto é, o governo, demorou em adotar decisão similar.
Antes da assinatura definitiva da paz, que não significa apenas o fim dos tiros, falta um ponto fundamental na agenda das negociações: a maneira em que vão ratificar e verificar os acordos adotados. Sem dúvida, é um assunto muito importante.
Não basta assinar compromissos, não basta transformá-los em leis, é preciso criar os instrumentos de verificação e cumprimento exato do que foi acertado, faz falta a certeza jurídica de que tudo será uma realidade.
Por outro lado, também é preciso negociar com a outra força rebelde: o Exército de Libertação Nacional. É menor que as Farc, mas não desdenhável. Além disso, devem ser eliminados os numerosos grupos paramilitares e fechadas as bases militares norte-americanas instaladas sob o pretexto do Plano Colômbia, um mecanismo antiguerrilha.
Apesar do caminho que ainda há pela frente, nos congratulamos de que a paz esteja muito mais perto, graças à boa vontade das partes e o trabalho efetivo dos países garantes: Cuba e Noruega, dos acompanhantes: Chile e Venezuela, bem como aos esforços em toda América Latina e o Caribe para que, em nossa região, as divergências sejam resolvidas através do diálogo e da negociação e seja desterrado para sempre o uso ou a ameaça do uso da força.