Fantasia e realidade

Editado por Irene Fait
2025-02-08 17:47:37

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Foto: lapatria.com

Por Alfredo Garcia Almeida

O instinto predatório do leão imobiliário não resistiu à tentação de ver uma atraente faixa de terra de 360 km2, com seus habitantes indefesos, a sudoeste de Israel, a nordeste da Península do Sinai (Egito) e a oeste do Mar Mediterrâneo provocando o anúncio surpreendente de Trump na última terça-feira de que assumiria o controle da Faixa de Gaza e a transformaria na "Riviera do Oriente Médio".

Após o anúncio de que assumiria o controle da Faixa de Gaza e realocaria as pessoas que atualmente estão lá para reconstruir a área, seu governo está considerando três zonas potenciais para a absorção dos habitantes de Gaza. As áreas que estão sendo consideradas são Marrocos, Puntlândia e Somalilândia, sendo que as duas últimas estão localizadas no Chifre da África. O que esses três países têm em comum é uma forte necessidade de apoio dos EUA, já que  Somalilândia e a Puntlândia buscam reconhecimento internacional e o Marrocos tem uma disputa territorial em andamento sobre o Saara Ocidental.

O presidente Trump não se comprometeu a enviar tropas para Gaza, mas também não descartou nada, porque, de acordo com a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, o presidente é "muito bom" negociando e quer preservar essa vantagem. Trump disse que os EUA estão tomando posse de Gaza e Leavitt esclareceu que os EUA "não vão pagar por isso". "Seu governo vai trabalhar com nossos parceiros na região para reconstruí-la. Deixe-me dar um passo atrás, porque essa é uma ideia original", disse Leavitt. "O presidente Trump é assim, é por isso que o povo americano o elegeu e seu objetivo é uma paz duradoura no Oriente Médio para todos os habitantes da região."

"Isso não significa tropas no terreno em Gaza. Não significa que os contribuintes americanos vão financiar esse esforço", acrescentou Leavitt, "significa que Donald Trump, que é o melhor negociador do planeta, vai chegar a um acordo com nossos parceiros na região."

Trump diz que suas ideias têm amplo apoio, mas não há sinais disso. Egito, Jordânia, Arábia Saudita e Riyad Mansour, embaixador palestino nas Nações Unidas, condenaram seus planos. De acordo com o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, a ideia de Trump é uma "receita para criar caos e tensão na região". "Nosso povo na Faixa de Gaza não permitirá que esses planos sejam levados adiante. O que se pede é o fim da ocupação e da agressão contra nós, não a expulsão de nossa terra", acrescentou. Arábia Saudita, por sua vez, reafirmou sua posição de que não estabelecerá relações com Israel sem a criação de um Estado palestino.

A imaginação de Trump não tem limites. Ao incluir a Faixa de Gaza em seus sonhos expansionistas, juntamente com a compra da Groenlândia, a anexação do Canadá e a recuperação do Canal do Panamá, Trump se sente seguro e confiante porque se trata de negociações "imobiliárias", cuja experiência comercial é de longa data. Entretanto, como desta vez isso coincide com avaliações geopolíticas em uma das zonas de conflito mais voláteis do planeta, o tiro pode sair pela culatra, pois ele não consegue distinguir entre fantasia e realidade.



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