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Os apitos se silenciaram no fim de semana passado no futebol equatoriano. Os árbitros profissionais iniciaram uma greve por não terem recebido seus salários, enquanto os dirigentes ameaçavam com retaliações e a crise aumentava. A dívida acumulada é de cerca de um milhão de dólares.
LuisMuentes, presidente do grêmio, informou à mídia que eles querem uma solução, com um compromisso formal de pagamento. Exigem a remuneração de quatro meses atrasados pela LigaPro, entidade que reúne os 16 clubes profissionais da primeira divisão e dez da segunda. A entidade é a encarregada de organizar o campeonato.
O grêmio agrupa uns mil juízes, entre eles 78 do torneio de elite e 16 de nível FIFA – Federação Internacional de Futebol Associado. Eles decidiram não atuar nas partidas da sétima jornada da segunda etapa do torneio local. Para voltar ao trabalho, exigem o pagamento dos atrasados.
Foram feitas várias reuniões, mas as partes não cedem e as soluções também não aparecem, assegurou Muentes.
Por sua vez, Miguel Loor, presidente da LigaPro, disse que o dinheiro era entregue todos os meses, inclusive por antecipado, e que o atraso tem sido por causa da pandemia, o que não significa que não pagarão.
LigaPro ofereceu desembolsar 200 mil dólares na sexta-feira passada para resolver o problema, mas a proposta não teve efeito.
A Federação Equatoriana de Futebol enviou carta à Conmebol – Confederação Sul-americana solicitando não convocar árbitros desse país para jogos de torneios internacionais enquanto continuar a greve.
Os juízes também entraram em contato com a entidade regional, e pediram que não leve em conta essa ideia, porque afetaria diretamente os que têm categoria FIFA. Vários colegas sul-americanos apoiaram essa solicitação.
Miller Salazar, presidente do clube Macará, disse que estão procurando instrumentos legais para enfrentar a crise. Afirmou que a pandemia afetou todo o mundo: não se recebe dinheiro por direitos de televisão nem pelo ingresso nos estádios, e isso deve ser entendido pelos árbitros. “Queremos uma saída que não prejudique ninguém”, apontou.
Quanto à possível solução ao conflito, o dirigente – com mais de 30 anos de experiência – foi contundente: “Seria um suicídio suspender mais uma semana o futebol equatoriano”.