presidente Lula na Cúpula para Novo Pacto Financeiro Global, Paris
Paris, 23 junho (RHC).- O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, considera ameaças as exigências da União Europeia para fechar o acordo com o Mercosul.
Ao discursar na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, sentando ao lado de presidente francês, Emmanuel Macron, Lula mencionou disposições que estipulam castigos, considerados duros pelo governo brasileiro, caso houvesse descumprimento das obrigações por parte dos países envolvidos.
“Morro para chegar a um acordo com a União Europeia. Porém não é possível, a carta adicional da UE não permite que se feche um acordo. Vamos responder, e enviaremos a resposta, mas precisamos começar a discutir”, destacou.
Insistiu em que “não é possível que nós tenhamos uma associação estratégica e haja uma carta adicional que ameace um parceiro estratégico”.
O acordo vem sendo negociado desde 1999. Em 2019 finalizaram as negociações comerciais e dois anos mais tarde as relativas aos aspectos políticos e de cooperação.
A UE enviou ao Mercosul um documento com instrumentos adicionais que dever ser anexado ao acordo.
Um deles se refere à lei aprovada pelo Conselho Europeu em maio passado que proíbe a importação de produtos de áreas desmatadas depois de 2020, e estabelece a aplicação de multas.
O ministério das Relações Exteriores do Brasil negocia com os membros do Mercosul uma contraproposta.
Em seu discurso, Lula também falou na desigualdade e na fome e tornou a defender a criação de uma moeda alternativa para que os países envolvidos numa operação comercial sem a participação dos EUA não precisem depender do dólar.
“Tem gente que se assusta quando falo em criar novas moedas em novos comércios. Não sei por que o Brasil e a Argentina têm de fazer comércio em dólares, por que a gente não pode fazer comércio em nossas moedas. Não sei por que o Brasil e a China não podem fazer em nossas moedas, por que tenho de comprar dólares”, perguntou Lula.
O tema deve ser tratado na próxima reunião do BRICS, adiantou o presidente brasileiro.
O grupo é composto pelo Brasil Rússia, Índia, China e a África do Sul. A reunião mencionada por Lula deve acontecer no segundo semestre deste ano.
O presidente brasileiro também prometeu levar o assunto ao próximo encontro do G20, que congrega os países com as economias mais desenvolvidas. (Fonte: PL)
