Cúpula do Brics começa na África do Sul
Joanesburgo, 22 agosto (RHC).- Sob o lema "Brics e África: associação para o crescimento mutuamente acelerado, desenvolvimento sustentável e multilateralismo inclusivo", começou nesta terça-feira a 15ª Cúpula do grupo Brics.
Com a participação de líderes ou altos dirigentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics), especialistas consultados pela Prensa Latina acreditam que a Cúpula poderia marcar o início de uma nova reestruturação econômica e, em certa medida, geopolítica do mundo.
Eles preveem que poderia definir as diretrizes que grande parte do comércio mundial seguirá nas próximas décadas, como tinha feito, em 1944, a conferência de Bretton Woods com outra política completamente diferente estabelecendo o dólar norte-americano como a moeda de referência global.
Nesse sentido, em junho passado, os ministros das relações exteriores dos cinco países membros do grupo destacaram a importância de promover o uso de moedas locais no comércio internacional e nas transações financeiras entre os membros do Brics, bem como com seus parceiros comerciais.
A cúpula está ocorrendo em meio a certo processo de desdolarização do comércio internacional, que pode agora coincidir com a previsível expansão do número de membros do Brics.
No entanto, a ministra de Relações Internacionais da África do Sul, Naledi Pandor, esclareceu que o fato de o bloco do Brics defender o maior uso de moedas locais em suas transações comerciais não significa que tencione substituir o dólar norte-americano nessa função.
Depois das atividades protocolares e de um retiro a portas fechadas nesta tarde, são esperados discursos plenários dos líderes das nações do Brics no dia 23, enquanto no dia 24 ocorrerão o Diálogo Brics Plus e o Brics Africa Outreach, eventos que incluem nações do chamado Sul Global e do continente africano.
De acordo com dados do FMI, disse Pandor, os países do Brics, em termos de paridade de poder de compra, têm uma participação maior na atividade econômica mundial do que as nações do G7.
Essa é uma demonstração clara da necessidade de que as vozes dos países do grupo, juntamente com as do Sul global e do continente africano, sejam ouvidas e respeitadas na governança econômica, financeira e política global, acrescentou.
Coletivamente, lembrou, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul têm cerca de 42% da população mundial, com quase 30% do território mundial e cerca de 27% do PIB mundial.
Antes da cúpula, o presidente Cyril Ramaphosa disse, sem citar nomes de nações, que mais de 20 países solicitaram formalmente a adesão ao bloco do Brics, enquanto "vários outros" manifestaram interesse em participar.
A África do Sul, disse ele, apoia a expansão do número de membros do Brics, cujo valor "vai além dos interesses de seus atuais membros".
Para que seus esforços sejam mais eficazes, os Brics devem construir alianças com outros países que compartilhem suas aspirações e perspectivas, enfatizou. (Fonte: PL)