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Buenos Aires, 10 dezembro (RHC) A única opção possível para a situação atual é um ajuste que recaia com toda sua força sobre o Estado e não sobre o setor privado, afirmou hoje Javier Milei em seu primeiro discurso como presidente da Argentina.
Em um palco montado do lado de fora do Congresso e diante de milhares de pessoas, o líder do La Libertad Avanza atacou mais uma vez o kirchnerismo (apoiadores de Néstor Kirchner e Cristina Fernández), anunciou cortes profundos e a implementação de medidas que exigirão "esforços supremos e sacrifícios dolorosos", reconheceu.
Sabemos que será difícil. O contexto é crítico e emergencial. Não temos alternativa e não temos tempo. Não buscamos nem desejamos as decisões difíceis que tomaremos nas próximas semanas. No curto prazo, a situação vai piorar, mas depois veremos os frutos, disse.
Javier Milei anunciou que haverá um ajuste fiscal no setor público nacional de cinco pontos do Produto Interno Bruto "que recairá quase inteiramente sobre o Estado".
É necessário limpar os passivos que rendem juros do Banco Central. Dessa forma, acabaremos com a emissão de dinheiro e, portanto, com a única causa da inflação. Entretanto, como a política monetária age com uma defasagem de 18 a 24 meses, continuaremos a pagar os custos, destacou.
Haverá estagflação (estagnação econômica com aumento do desemprego e da inflação), mas esse é o último obstáculo para começar a reconstruir a Argentina, acrescentou.
Milei culpou o governo do presidente Alberto Fernández pelos problemas que o país enfrenta, sem reconhecer o impacto da dívida de mais de 45 bilhões de dólares contraída com o Fundo Monetário Internacional por um dos convidados do evento, o ex-presidente Mauricio Macri.
Lutaremos para erradicar a inflação. Para que haja gradualismo, é preciso haver financiamento e, infelizmente, não há dinheiro. Portanto, não há alternativa ao ajuste e ao choque. Isso terá um impacto negativo sobre o nível de atividade, o emprego, os salários reais e o número de pessoas pobres e indigentes, afirmou.
Após o ajuste macroeconômico que promoveremos, a situação começará a melhorar. Haverá luz no fim do caminho, acrescentou.
Milei garantiu que hoje começa uma nova era e indicou que o contrato social escolhido pela maioria dos argentinos se baseia em uma frase do economista Alberto Benegas Lynch (filho).
O novo presidente criticou os protestos sociais e disse que "aqueles que bloqueiam as ruas não cobram".
Há dois anos, Victoria Villarruel (vice-presidente) e eu entramos nesta casa (Congresso) como deputados. Disseram-nos que não podíamos porque éramos apenas dois. A vitória na batalha não depende do número de soldados, mas das forças que vêm do céu, concluiu.
Entre os presentes na inauguração do Milei estavam o rei da Espanha, Felipe VI; os presidentes da Armênia, Vahagn Khachaturian; do Chile, Gabiel Boric; do Equador, Daniel Noboa; do Paraguai, Santiago Peña; do Uruguai, Luis Lacalle Pou; da Ucrânia, Vladimir Zelenski; e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban. (Fonte: PL)