Foto: X @LuchoXBolivia
Havana, 28 de junho (RHC) A possibilidade de interferência estrangeira no golpe de Estado fracassado da última quarta-feira na Bolívia está ganhando força.
"Todos os golpes de Estado no país foram baseados em questões econômicas. O mais recente deles, o de 2019, foi o lítio", disse o presidente Luis Arce em declarações à imprensa.
Arce admitiu a possibilidade de interferência externa com base na versão de que alguns atores estrangeiros estavam envolvidos na tentativa.
De acordo com o presidente, em todos os golpes de Estado na América Latina e no Caribe, além dos "interesses internos", sempre houve interesses externos e, no caso específico da Bolívia, esse fenômeno tem sido "praticamente constante", afirmou.
Nesse sentido, evocou as circunstâncias em que ocorreu o golpe contra o governo do ex-presidente Evo Morales em novembro de 2019.
"Naquela época, estávamos negociando a concessão de um contrato de lítio de longo prazo. É por isso que nunca descartamos o fato de que sempre há interesses internos e externos por trás dos golpes de Estado", explicou.
Centenas de soldados armados com tanques ocuparam a praça Murillo e seus arredores em 26 de junho, nas proximidades da Casa Grande del Pueblo (sede do governo) e da Assembleia Legislativa Plurinacional.
Arce denunciou essa situação como uma tentativa de golpe de Estado e convocou a defender a democracia.
A porta de entrada do antigo Palácio do Governo, anexo à Casa Grande del Pueblo, foi forçada por um dos veículos blindados, o que permitiu a entrada do ex-chefe do exército, general Juan José Zúñiga.
O presidente Luis Arce, como capitão-geral das Forças Armadas da Bolívia, foi ao seu encontro e ordenou que retirasse as tropas, mas o golpista não obedeceu.
Diante da insubordinação, o presidente nomeou um novo Alto Comando do Exército, da Força Aérea e da Marinha, uma ação que pôs fim à tentativa e levou à prisão de Zúñiga e de outros 16 envolvidos.
Em meio aos acontecimentos, o povo saiu às ruas em apoio ao presidente, e pelo menos 12 pessoas foram feridas a bala, algumas das quais precisaram ser operadas.
Referindo-se à possível interferência estrangeira nesses eventos, o deputado do Movimento para o Socialismo, Juan José Huanca, exigiu na quinta-feira que a encarregada de negócios da embaixada dos EUA, Debra Hevia, fosse investigada.
Em 24 de junho, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia advertiu Hevia sobre declarações e ações feitas por funcionários dessa legação diplomática que são consideradas como ingerência em assuntos internos. (Fonte: Prensa Latina)