Havana, 26 de outubro (RHC).- A Assembleia Geral da ONU aprovou nesta quarta-feira, numa votação histórica, uma resolução que pede o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos EUA a Cuba há mais de cinco décadas e ainda vigente apesar do reatamento das relações diplomáticas bilaterais. O texto recebeu o voto a favor de 191 países e só duas abstenções: Israel e os próprios EUA, onde o governo tem pedido ao Congresso modificar essa política vigente desde o começo dos anos 60.
Em discurso na Assembleia Geral, prévio à votação, o ministro cubano das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, reiterou que apesar do voto de abstenção dos EUA, o bloqueio persiste ocasionando prejuízos ao povo, dificultando o desenvolvimento econômico do país e afetando todos os Estados membros da ONU por seu efeito extraterritorial.
Lembrou que as próprias autoridades norte-americanas consideram que se trata de uma política obsoleta, fracassada e inviável, e provoca o isolamento dos EUA, que demoraram 24 anos em modificar seu voto na Assembleia Geral, ao longo dos quais se opuseram a resoluções semelhantes à apresentada agora.
Rodríguez destacou a resistência heroica do povo cubano desde que foi instaurada essa medida unilateral há 58 anos, e disse que foi decisiva para o que ocorre hoje, em que ninguém no mundo respalda o bloqueio, nem o próprio governo norte-americano.
“O voto de abstenção anunciado constitui certamente um passo positivo no futuro da melhoria das relações entre os EUA e Cuba”, indicou o chanceler cubano. Porém, assinalou que a maioria das restrições do bloqueio continua vigente, sendo aplicada com rigor até agora pelas agências do governo norte-americano. E falou que as medidas executivas tomadas pelo presidente Barack Obama têm alcance limitado e são insuficientes.
Apontou que muitas dessas medidas têm um caráter de ingerência, mesmo assim mostram que Obama tem faculdades para reduzir muito mais o bloqueio enquanto o Congresso não decidir eliminá-lo.
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU o chanceler cubano explicou o teor das últimas medidas anunciadas em Washington, e demonstrou que ainda há muito caminho a percorrer rumo à normalização das relações com os EUA.
“São incalculáveis os danos humanos provocados pelo bloqueio. Não há família cubana nem setor no país que não sofra seus efeitos”, garantiu Bruno Rodríguez, e mencionou a saúde, a educação, a alimentação e outras áreas.
“O bloqueio continua sendo uma violação massiva, flagrante e sistemática dos direitos humanos de todas as cubanas e cubanos, e constitui um ato de genocídio segundo a Convenção para a Prevenção e Sanção do delito de genocídio de 1948”, indicou o diplomata. E destacou que é um obstáculo para a colaboração internacional em áreas humanitárias.
A resolução apresentada por Cuba na Assembleia Geral da ONU foi aprovada nesta quarta-feira com uma votação histórica: 191 países a favor e duas abstenções: Israel e os próprios EUA.
Ontem, o embaixador de Cuba nos EUA, José Ramón Cabañas, destacou a importância do apoio da comunidade internacional à luta dos cubanos contra o bloqueio. “É importante, porque Cuba chegou até aqui por sua resistência e também pelo respaldo internacional”, afirmou o diplomata. Sublinhou que a mensagem que significa o rechaço global a essa política tem repercussão dentro dos próprios EUA.