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Havana, 17 de abril (RHC).- O primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba, Raúl Castro, ratificou sua confiança nos novos dirigentes ao apresentar o informe central no 8º Congresso dessa organização política, aberto ontem em Havana.
Os debates se estenderão até segunda-feira, e coincidem com o aniversário 60 da proclamação do caráter socialista da Revolução e da vitória sobre o contingente mercenário que invadiu o país por Playa Girón, na Baía dos Porcos, financiado, organizado e apoiado militarmente pelo governo dos EUA.
“Acredito fervorosamente na força e no valor do exemplo e a compreensão de meus compatriotas”, destacou ao expressar sua satisfação em entregar a direção do país a um grupo de pessoas preparadas e comprometidas com a ética, os valores da cultura e a nação.
“Entre esses companheiros está Miguel Díaz-Canel, membro do Bureau Político do Partido e presidente da República há três anos, cargo que desempenha com bons resultados”, sublinhou Raúl Castro.
“Que ninguém tenha dúvidas, que enquanto viver estarei com o pé no estribo para defender a pátria, a Revolução e o socialismo com mais força do que nunca”, garantiu.
O documento aborda o papel da organização no desenvolvimento da economia nacional, a luta pela paz e a firmeza ideológica. Mostra os resultados no âmbito legislativo a partir da proclamação da nova Constituição há dois anos, a política de quadros, o trabalho ideológico e o enfrentamento à subversão.
O primeiro-secretário do Partido ressaltou que o Congresso decorre em condições extraordinárias pela pandemia, e se referiu à importância de contar com um setor científico próprio da nação.
Mencionou a visão de Fidel Castro de desenvolver a indústria farmacêutica e biotecnológica que hoje contribui com produtos inovadores e cinco candidatas de vacina contra a Covid-19.
“O desenvolvimento da economia nacional junto à luta pela paz e a firmeza ideológica, constituem as principais missões do Partido”, apontou.
Assinalou que é preciso combater a inércia e a falta de iniciativa, além de modificar velhos e maus hábitos nos quadros de direção das empresas para poder alcançar níveis superiores de produção com maior eficiência. E chamou a elevar a produção nacional, especialmente de alimentos, e a desterrar o hábito daninho de importar.
Raúl Castro indicou que o país deve se acostumar a viver com que tem, e não pretender mais do que for capaz de gerar, e sublinhou que as demandas insatisfeitas da população devem constituir um incentivo para os produtores nacionais.
“Temos que permanecer alertas, proteger o nosso país e o direito soberano de existir pelo qual se sacrificaram gerações de cubanos”, apontou referindo-se às agressões e ameaças contra esta Ilha e outras nações da América Latina e Caribe.
E recordou que há cinco anos, quando se realizou o 7º Congresso do Partido Comunista de Cuba, advertira sobre uma ofensiva contra processos progressistas na região, atiçada por figuras do governo de Donald Trump e da contrarrevolução anticubana associadas ao terrorismo e à corrupção.
“Nunca dissimularam seu compromisso com a Doutrina Monroe, apelaram a métodos de guerra não convencional e a operações de desestabilização muito perigosas”, indicou o Informe Central lido por Raúl Castro na abertura do 8º Congresso do PC, na sexta-feira. Essas ações desconsideraram os direitos soberanos das nações e ameaçaram perigosamente a paz e a segurança no hemisfério.
O documento destaca o uso de mentiras e infâmias para justificar medidas coercitivas contra a Venezuela, Nicarágua e Cuba, no afã de derrubar seus governos constitucionais e com grandes custos para esses povos. Para isso resgataram a desprestigiada OEA – Organização de Estados Americanos.
Também aborda os efeitos das políticas neoliberais aplicadas em vários países do continente, hoje indefesos ante o flagelo da Covid-19 após serem desmanteladas as instituições públicas de justiça social, além de outras sequelas como o esgotamento acelerado de governos e os protestos sociais.
Critica as campanhas contra processos e líderes progressistas, e reitera a solidariedade aos presidentes da Venezuela, Nicarágua e Bolívia, e ao ex-mandatário brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Por outro lado, transmite esperança e solidariedade aos chefes de Estado da Argentina e México em sua intenção de curar as feridas do neoliberalismo e recuperar processos de integração genuinamente latino-americanos.
Reitera o apoio do Partido Comunista de Cuba a causas como a da Argentina com as Ilhas Malvinas, o direito de Porto Rico à independência, as reivindicações dos palestinos e saarianos, e a compensação aos países caribenhos pelos flagelos da escravidão e o colonialismo.
Ao ler o informe, Raúl Castro expressou que foram consolidados os vínculos com a China, Vietnã, Laos e Coreia Democrática, países socialistas asiáticos, e reiterou a solidariedade ao continente africano, onde prestam serviço milhares de colaboradores cubanos em cerca de 30 países.
Mencionou as boas relações com a Rússia, e disse que houve avanços nos laços com a União Europeia sobre a base do respeito mútuo e da reciprocidade.