Díaz-Canel em París
Paris, 22 junho (RHC).- O presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel, advogou por uma ordem financeira internacional que não mergulhe os países do Sul no subdesenvolvimento e não os submeta ao domínio de instituições obsoletas.
Para Diaz-Canel, a ordem atual é injusta, antidemocrática, especulativa e excludente.
Ao fazer uso da palavra na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Mundial, em Paris, como presidente do Grupo dos 77+China, o chefe de Estado cubano denunciou as nefastas consequências da arquitetura financeira vigente para as nações em desenvolvimento e mencionou o exemplo da duplicação de sua dívida externa na última década e o fato de serem obrigadas essas nações a destinar quase 380 bilhões de dólares de suas reservas para defender suas moedas.
Em condições tão desfavoráveis, o Sul não pode produzir e ter acesso aos 4,3 trilhões de dólares ao ano que necessita para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no que resta de década, avisou.
“Nossos povos não podem e não devem continuar sendo laboratórios de receitas coloniais e de renovadas formas de dominação que usam a dívida, a arquitetura financeira internacional atual e as medidas coercitivas unilaterais para perpetuar o subdesenvolvimento e encher os cofres de um punhado de gente à custa do Sul”, sentenciou.
Diaz-Canel participou de um dos fóruns do evento, junto com o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, e os presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da Colômbia, Gustavo Petro, entre outros presidentes e personalidades.
Segundo o presidente cubano, o cenário atual demonstra que precisamos já de uma nova e mais justa ordem internacional.
Para o chefe de Estado cubano, isso passa pela reforma das instituições financeiras internacionais, tanto em questões de governança e representação, quanto o acesso ao financiamento que levem em conta os interesses legítimos dos países em desenvolvimento.
No século 21 é inadmissível que instituições caducas herdadas da guerra fria e de Bretton Woods, afastadas da atual configuração internacional, continuem impondo sua vontade à maioria das nações do planeta; assinalou.
Essas entidades estão concebidas para lucrar com as reservas do Sul, reproduzindo um esquema de colonialismo moderno, ressaltou o presidente de Cuba.
Da mesma forma, exortou à recapitalização considerável dos bancos multilaterais de desenvolvimento, para satisfazer as necessidades do Sul.
E demandou o aumento dos empréstimos oficiais para que se possam atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e recursos adicionais apoiados com ações concretas quanto ao acesso aos mercados, criação de capacidades e transferência de tecnologias. (Fonte: PL)