Foto: Prensa Latina
Havana, 16 de novembro (RHC) O diretor geral de Assuntos Multilaterais e Direito Internacional da chancelaria cubana, Rodolfo Benítez, destacou no sábado o apoio da recém-concluída 29ª Cúpula Ibero-Americana à luta contra o bloqueio imposto pelos Estados Unidos, apesar das posições obstrucionistas assumidas pela delegação do atual governo argentino.
O diplomata disse à agência de notícias Prensa Latina que no fórum, realizado na cidade equatoriana de Cuenca, a Argentina tentou impedir a condenação da guerra econômica do governo norte-americano contra Cuba.
"Nenhum país apoiou a posição da Argentina", disse o representante cubano, que também denunciou na reunião a inclusão "caluniosa e arbitrária" de seu país na lista unilateral de nações que, no entendimento de Washington, patrocinam o terrorismo.
Benítez destacou que, como prova do isolamento absoluto da Argentina, todas as outras nações participantes da Cúpula emitiram uma Declaração Especial exigindo o fim do cerco econômico contra a Ilha e outra solicitando a exclusão de Cuba da lista de "países terroristas".
"Apesar do comportamento vergonhoso da Argentina, em Cuenca prevaleceram o diálogo construtivo, o entendimento, a unidade na diversidade, a solidariedade e a salvaguarda do valioso patrimônio da Conferência Ibero-Americana, para o benefício de nossos povos", enfatizou.
Sobre o fato de a reunião ibero-americana não ter emitido uma declaração final por falta de consenso, como tem sido a prática em eventos anteriores desse tipo, mencionou que a causa foi justamente "a posição obstrucionista e inflexível da Argentina".
De acordo com Benítez, durante as negociações, esse país tentou apagar dos documentos finais a defesa da igualdade de gênero e dos direitos dos povos indígenas; impor a posição de que a mudança climática não existe e quis eliminar o compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU.
Além disso, Argentina se opôs a um pronunciamento contra o discurso de ódio; enquanto bloqueava, sem o apoio de ninguém, comunicados que levaram meses de trabalho sobre o combate ao terrorismo, o fortalecimento da democracia e o papel das mulheres na diplomacia, entre outros.
"A Argentina chegou ao extremo da politização ao se opor a uma Declaração que foi apoiada por todos os outros países e que incluía expressões de solidariedade a Cuba pelos danos devastadores causados pelos furacões Oscar e Rafael", ressaltou Benítez.
Na opinião de Benítez, a Argentina foi a Cuenca para inviabilizar a Cúpula, algo que, em sua opinião, faz parte do objetivo do atual governo argentino de enfraquecer e fragmentar os fóruns multilaterais.
"Os atuais ocupantes da Casa Rosada, que estão tentando torná-la cada vez mais branca, estão buscando por todos os meios ganhar tapinhas de aprovação de Washington", comentou o funcionário do país caribenho.
Em seus discursos, os representantes da nação sul-americana lançaram ataques contra Cuba e outros países ibero-americanos, algo que a delegação da Ilha descreveu como uma "cortina de fumaça para tentar desviar a atenção do vergonhoso papel da Argentina nessa reunião".
"Estamos cientes de que essas diatribes contra nosso país não representam os sentimentos do povo irmão argentino, com o qual estamos unidos por laços históricos de amizade e solidariedade, que nenhum governo no poder será capaz de apagar", disse Benítez.
Apesar das tensões que surgiram na reunião, o chefe da delegação cubana enfatizou a importância do evento para abordar questões como "inovação, inclusão e sustentabilidade", o lema desta Cúpula.
Considerou que esses eixos são cruciais para enfrentar os desafios socioeconômicos da região, como a fome, a pobreza e a desigualdade.
No entanto, advertiu que esses problemas não podem ser resolvidos sem uma mudança na atual ordem internacional, que descreveu como injusta e exclusiva. (Fonte: Prensa Latina)