Havana, 20 de outubro (RHC).- Os países membros da ALBA, Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América, se reuniram nesta segunda-feira em Havana para definir estratégias para evitar a propagação do ebola na região e estabelecer estratégias para enfrentar eventuais casos da doença.
O vírus já matou mais de 4.500 pessoas na África Ocidental. Da reunião participam representantes de organismos internacionais como a ONU e as organizações Mundial e Pan-americana da Saúde. O surto tem sido considerado a maior emergência sanitária global desde o surgimento da AIDS, Síndrome de Deficiência Humana Adquirida.
A ALBA, bloco de integração regional, é integrada por Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, Antigua e Barbuda, Dominica, Santa Lúcia e São Vicente e Granadinas. Haiti participa das reuniões como convidado, e Granada e São Cristóvão e Neves como observadores.
Ao abrir o encontro, o presidente cubano, Raúl Castro, alertou para o risco de que o ebola se torne uma das pandemias mais graves da história da humanidade se não for contido com uma resposta internacional imediata e eficaz.
Raúl chamou a comunidade internacional a agir com urgência sob a direção das organizações Mundial e Pan-americana da Saúde e a ONU, para enfrentar e estabelecer medidas de prevenção da doença. Anunciou que na terça-feira partirão para Libéria e Guiné duas brigadas médicas cubanas com pessoal capacitado para enfrentar a situação. Revelou que já estão lá especialistas na matéria.
O presidente cubano apontou que é preciso vontade de integração, organização e planejamento das tarefas não só assistenciais e curativas, mas também preventivas, que requerem como complemento um trabalho sistêmico permanente e uma grande disciplina no cumprimento dos protocolos médicos.
Raúl Castro expressou a disposição dos médicos cubanos que trabalham hoje em países da América Latina e o Caribe de dar apoio à prevenção do ebola e ao treinamento do pessoal de saúde para enfrentar eventuais casos, e inclusive trabalhar junto com os EUA. O presidente cubano deixou claro que não se deve politizar o empenho na erradicação da epidemia.
A Declaração Final do encontro ressalta a preocupação com a catástrofe humanitária considerada uma emergência de saúde global e com a insuficiência de recursos disponíveis para enfrentá-la hoje. Chama a tomar medidas urgentes e coordenadas entre os países e instituições para evitar a propagação do ebola na região através de medidas de prevenção.
O texto exorta à assistência rápida recíproca e a atender as necessidades dos países do Caribe, além de ativar o sistema de vigilância epidemiológica da ALBA e apoiar as brigadas médicas cubanas enviadas a África Ocidental. Estabelecer mecanismos nacionais para a detecção de casos, compartilhar as capacidades em laboratórios de alta biossegurança e promover campanhas de educação da população em torno da doença.
O documento destaca a necessidade de formar pessoal especializado nessa área, garantir espaços nas instalações de saúde de cada país para atender os doentes e fomentar a pesquisa científica conjunta sobre o ebola. As propostas estão dirigidas não só aos membros do bloco regional, mas também a todos os países do hemisfério.
A Cúpula da ALBA sobre o ebola, realizada nesta segunda-feira em Havana, propôs uma reunião técnica para 29 e 30 deste mês, na capital cubana, com a participação de funcionários e especialistas, para trocar experiências e elaborar um plano de ação regional.