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Havana, 17 de dezembro (RHC) Em 20 de dezembro, o atual governo dos EUA terá exatamente 30 dias para finalizar seu mandato.
Longe de cumprir sua promessa eleitoral quanto às relações com Cuba, o presidente Joseph Biden, em seus quatro anos de governo, manteve em vigor e aplicou quase todas as medidas draconianas de coerção econômica impostas pela administração Trump, e aprovou outras, como a recente legislação que legaliza o roubo descarado da marca de rum Havana Club no mercado norte-americano.
A política de pressão máxima aplicada, cuja pedra angular é o endurecimento do bloqueio, teve efeitos marcadamente prejudiciais sobre a qualidade de vida do povo cubano, seu acesso a alimentos, serviços de saúde, medicamentos, moradia digna e inúmeros bens essenciais, e causou a migração de milhares de pessoas, às vezes em condições extremamente arriscadas.
É a realização do projeto de ação imperialista em relação a Cuba, delineado no conhecido memorando do vice-secretário de Estado adjunto, Lester Mallory, há 64 anos, que definiu que a única forma de enfrentar a Revolução Cubana "... é por meio do desencanto e da insatisfação decorrentes do mal-estar econômico e das dificuldades materiais... todos os meios possíveis devem ser rapidamente empregados para enfraquecer a vida econômica de Cuba... uma linha de ação que, sendo hábil e discreta, consiga o maior progresso possível na privação de dinheiro e suprimentos em Cuba, a fim de reduzir seus recursos financeiros e salários reais, provocar a fome, o desespero e a derrubada do governo".
Desde então, a estratégia tem sido não apenas levar fome e miséria ao povo cubano, mas também, e acima de tudo, tentar fazer parecer que a causa de tais infortúnios é a "gestão ineficiente" do governo cubano, e não as chamadas "sanções" de Washington.
Mas os números são claros em mostrar quem está impedindo o desenvolvimento necessário da nação cubana. O bloqueio lesa o povo cubano em mais de 421 milhões de dólares por mês, mais de 13,8 milhões de dólares por dia e 575.683 dólares em danos para cada hora de sua aplicação.
O bloqueio é o sistema mais abrangente, completo e prolongado de medidas coercitivas econômicas unilaterais e extraterritoriais já aplicadas contra qualquer nação.
"Nenhum país mesmo com economias muito mais prósperas e robustas do que a de Cuba poderia enfrentar uma agressão tão implacável, assimétrica e prolongada sem um custo considerável para o padrão de vida de sua população, sua estabilidade e justiça social", diz o relatório apresentado por Cuba este ano à Assembleia Geral das Nações Unidas, onde a maioria esmagadora dos países membros da ONU condenou essa política de força e asfixia.
Para lá dos extensos danos causados à economia, às finanças e ao comércio por essa política aberrante, estão as medidas restritivas resultantes da decisão de incluir Cuba, de forma traiçoeira, na infame lista arbitrária e ilegítima de países que supostamente patrocinam o terrorismo. Foi uma jogada perversa do governo Trump, poucos dias antes de deixar a Casa Branca.
Essa designação é cínica, porque Cuba, longe de patrocinar o terrorismo, foi e é vítima de atividades terroristas recorrentes financiadas e organizadas a partir do território dos EUA, com a aquiescência das autoridades norte-americanas.
Cuba tem uma posição clara e firme contra o terrorismo em todas as suas formas. Serviu como intermediário fundamental nas conversações de paz entre o governo colombiano, o ELN e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), com o mesmo espírito com que, há uma década, pediu aos Estados membros da CELAC que declarassem a região como Zona de Paz, "com base no respeito aos princípios e normas do Direito Internacional".
Trata-se de um ato cruel porque foi concebido para maximizar o sofrimento do povo cubano. A inclusão de Cuba na lista de nações que apoiam o terrorismo não só dificulta as transações internacionais, impõe obstáculos às exportações e restrições financeiras, ou impede a assistência ao país com ajuda humanitária, mas também ameaça ou penaliza os cidadãos de países por viajarem a Cuba, o que inclui cidadãos cubanos. Da mesma forma, interfere nas operações bancárias de pessoas físicas e dos novos atores econômicos não estatais. Impede a contratação de serviços on-line e restringe os intercâmbios acadêmicos e científicos.
Em maio de 2024, o Departamento de Estado retirou Cuba da lista de Estados que "não cooperam plenamente" com os Estados Unidos na luta contra o terrorismo, colocando em maior evidência a natureza infame e oportunista da designação de 2021.
Ao defender a mudança racional de atitude, o Secretário de Estado, Antony Blinken, não só argumentou a posição atual do governo colombiano, mas também destacou a cooperação policial de Cuba e a inexistência de elementos terroristas em território cubano.
Mas isto não é suficiente. Cuba continua sofrendo como resultado de sua exclusão cínica, cruel e ilegal da economia e das finanças internacionais, devido à sua permanência na lista arbitrária de supostos patrocinadores do terrorismo.
O presidente Biden pode pôr fim a essa mentira e atender ao apelo de dezenas de governos, vários ex-presidentes e primeiros-ministros, centenas de parlamentares, a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA e outros líderes religiosos, além de milhares de organizações em todo o mundo e nos próprios Estados Unidos.
Nos dias que lhe restam no cargo, o presidente Biden pode retirar Cuba da Lista de Patrocinadores do Terrorismo; ele tem autoridade para isso. Se quiser deixar um legado de decência nos últimos dias de sua vida política, ele pode dar esse passo simbólico. Ainda há tempo para isso.
O povo cubano continuará a lutar contra a agressão injusta, contra o bloqueio genocida, contra a manipulação e as mentiras, contra as listas espúrias e coercitivas, contra os milhões em fundos para subverter a ordem interna e alimentar as operações de desinformação, e exigirá com todas as suas forças justiça e paz para Cuba e para o nosso mundo.
Isto acontecerá em 20 de dezembro, quando o povo da capital, em nome de toda Cuba, sair em uma Marcha Combatente ao longo do Malecón (Avenida Beira-Mar) de Havana para exigir, em frente à embaixada dos Estados Unidos, a cessação da hostilidade, condenar a ignomínia imperial, e expressar seu espírito inabalável de luta e vitória.
Marcharemos com a profunda convicção, incutida por Fidel, de que não há força no mundo capaz de esmagar a força da verdade e das ideias. (Fonte: jornal Granma)